O poder da casa

Em maior ou menor escala, até hoje, nenhuma calamidade alterou de maneira tão significativa os aspectos sociais, econômicos e ambientais quanto à pandemia do coronavírus. A covid-19 transformou o modo como nos relacionamos, como vivemos e como percebemos nosso entorno. Nesse contexto, entender que mundo novo é esse se torna muito importante para que possamos estar preparados para o que vem pela frente.

O isolamento transformou rotinas e por isso tornou-se necessário aliar o trabalho com as tarefas de casa (que são muitas!). Momentos na cozinha dividem hora com ajudar os pequenos nas atividades escolares e reuniões importantes. As pessoas estão diferentes, não só porque não podem sair, ver a família ou viajar, mas porque refletiram e mudaram suas prioridades. A pandemia mudou nossos valores.

A casa virou nossa aliada, tivemos que nos reconectar com nossos lares e nos adaptar dentro de nossas necessidades. O que o realmente precisamos? Essa é a pergunta que vai guiar nossa maneira de viver nesse futuro próximo. Afinal, as pessoas vão querer ajustar alguns ambientes, priorizando o bem-estar e tudo o que descobrimos nesse momento.

Surgem tendências de comportamentos e valores, como:

  • Humildade – as pessoas estão mais humildes, percebemos que a natureza é muito maior do que o ser humano;
  • Solidariedade – percebemos várias pessoas unidas em prol de um único objetivo: ajudar aqueles que estão sofrendo mais nesse momento. Um exemplo é a união dos arquitetos e designers do Paraná, que juntos estão fazendo várias ações com o objetivo de angariar fundos para doar cestas básicas para comunidades carentes de Curitiba e Região Metropolitana;
  • Busca pelo Conhecimento – cursos online, busca pelos hobbies, desenvolvimento de novas habilidades;
  • DIY (do it yourself) – essa é a tendência do faça você mesmo! As pessoas vão fazer mais coisas sozinhas: receitas, cuidados estéticos, costuras, pequenos reparos…
  • Tecnologia – seremos mais digitais. Mais compras online, maior uso das mídias sociais, lives e trabalhos remotos ganham cada vez mais espaço;
  • Simplicidade – as pessoas vão valorizar muito mais os pequenos gestos: um oi, um abraço, um bom dia, um jantar com os amigos;
  • Consumo consciente – comprar com mais responsabilidade, ver o que é realmente essencial, prioridades e valor agregado são alguns itens que devem se destacar.

E na arquitetura?

Como em muitas outras áreas, a tendência é que a arquitetura continue a evoluir, acompanhando as revoluções tecnológicas e mudanças que ocorrem no estilo de vida das pessoas. Alguns itens se destacam e espaços que, por vezes, ficavam meio “esquecidos” passam a ganhar nossa atenção:

  • Home Office – mesmo que todos voltem a trabalhar em seus escritórios ou empresas, ter um espaço de home office adequado deve ser uma nova prioridade;

Projeto Alessandra Gandolfi | Fotos Marcelo Stammer
  • Espaços lúdicos para crianças – repensar espaços para darmos mais atenção às crianças e proporcionar diversas brincadeiras para momentos em casa;
 
Projeto Alessandra Gandolfi | Foto Marcelo Stammer
  • Plantas – verde, temperos e hortas em casa;

Projeto Alessandra Gandolfi | Foto Marcelo Stammer
  • Quadros de família – itens que tenham valor afetivo e tragam significado para a casa como um ambiente de afeto e de convívio familiar;

Divulgação/Pinterest
  • Academia em casa – locais para fazer atividades físicas, ioga, meditação ou alongamentos;

Projeto Alessandra Gandolfi | Divulgação
  • Hall/Lavanderia – ambientes mais funcionais com bancos, espaços para sapatos, casacos, álcool gel;

Projeto Alessandra Gandolfi | Divulgação
  • Tecnologia – impacto que a tecnologia tem no novo morar: conectividade, inteligência artificial, automação, facilidades;
  • Minimalismo – as pessoas vão querer móveis mais práticos e multifuncionais para facilitar a limpeza e organização;
  • Sustentabilidade – busca por materiais mais naturais, mais sustentáveis, artesanato, handmade;
  • Design sensorial – cores, cheiros, sons, memórias afetivas, foco no bem-estar, no comportamento e no humor.

Projeto Alessandra Gandolfi | Foto Eduardo Macarios