Ícones do design: Poltrona Mole 60 anos

O design de mobiliário é algo que permeia meu trabalho. A cada projeto sempre procuro incluir uma peça que faça a diferença no ambiente. Sempre faço uma boa pesquisa para aliar o gosto pessoal cliente a algo que possa ser funcional e ao mesmo tempo ter a ver com o estilo do lugar. É por isso, que faço toda a reverência aos designers brasileiros. Falecido em 2014, Sérgio Rodrigues deixou um grande legado. Entre eles, a Poltrona Mole, que está completando 60 anos. Esta cadeira tem uma personalidade ímpar. Um dos ícones do design de móveis brasileiro, foi criada originalmente em jacarandá e couro natural.

Segundo Fernando Mendes, presidente do instituto que preserva a memória de Rodrigues, falecido em 2014, a mole “inventou a informalidade e o conforto em nosso mobiliário”. O conforto, aliás, é uma palavra-chave para os dias de hoje. Na época, anos 60, a estética predominante era a dos pés palitos e das silhuetas elegantes. Sérgio Rodrigues criou a poltrona para o fotógrafo e amigo Otto Stupakoff, em 1957. A ideia era fabricar um móvel no qual os visitantes de seu estúdio pudessem ficar confortáveis e à vontade. Essa irreverência não conquistou os espectadores de pronto. No nome “mole” veio da forma com que os operários da fábrica onde foi produzida a chamava.

A poltrona “superpreguiçosa”, como o próprio Rodrigues a conceituou, só ganhou reconhecimento em 1961, quando venceu o Concurso Internacional do Móvel de Cantú, na Itália, por apresentar o verdadeiro modo brasileiro de sentar. A famosa poltrona existe em três modelos. A Mole, original; a Sheriff, levemente modificada para o concurso italiano; e a Moleca, desmontável.

A poltrona faz parte do acervo permanente do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, e do Museum of Modern Arts (MoMA), em Nova York.

Sem dúvida, um legado cultural que ainda vai durar por muitas gerações.